Sou dependente de Key (cetamina), o que faço?

Estou dependente de Key e não consigo parar. Tenho cheirado todos os dias, seja para trabalhar, para sair… Não sei mais o que fazer… Fora o preço que é alto !!! Ajudem-me!!!

O que é o Key ou cetamina? “A cetamina é legalizada, mas uma parte da droga é desviada das clínicas e hospitais para uso ilícito. A droga está normalmente disponível por traficantes na forma de pó branco ou esbranquiçado ou como um líquido transparente. A variedade líquida pode ser transformada em pó por meio da evaporação, que cria cristais que são então moídos em pó. A cetamina líquida, de acordo com o Drug Enforcement Administration (DEA) dos Estados Unidos da América, é, geralmente, misturada em bebidas ou injetada, enquanto a cetamina em pó costuma vir embalada em cápsulas, papel, folhas de alumínio dobradas, frascos de vidro e saquinhos plásticos. A cetamina em pó geralmente é inalada ou misturada com tabaco ou cigarros de maconha e fumada.”

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Resposta: A cetamina ou 2-[2-clorofenil]-2-[metilamino]-ciclohexanona é um fármaco derivado da fenciclidina (PCP) e da ciclohexamina. Foi originalmente desenvolvida pelos Laboratórios Parke-Davis em 1962 e introduzida para uso clínico como anestésico em 1970. O cloridrato de cetamina é de ação rápida e lipossolúvel com meia-vida de eliminação curta. É um anestésico dissociativo que a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou para uso em 1970, sobretudo para procedimentos anestésicos em seres humanos e animais. Foi o anestésico mais usado durante a Guerra do Vietnã.

Key ou cetamina nos EUA

Nos Estados Unidos da América, a cetamina está disponível na forma de marca Ketalar desde a década referida. A droga é usada para aplicações humanas e veterinárias. Encontra-se cetamina prescrita nas seguintes formulações:

a) Líquido claro e incolor
b) Spray nasal
c) Pó esbranquiçado
d) Injetável intravenoso

A cetamina também é, infelizmente, utilizada de forma abusiva como droga recreativa para produzir efeitos eufóricos e/ou dissociativos. A cetamina é uma substância controlada nos Estados Unidos desde 1999.

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Conhecida por vários nomes de ruas – por exemplo, “Key”, “vitamina K”, “K especial”, “tranquilizante para gatos”, “jato” – a cetamina às vezes é ilicitamente usada para efeitos intoxicantes semelhantes aos causados pelo PCP. Os usuários descrevem “experiências fora do corpo” e sensação de “derreter com o ambiente” após o uso abusivo.

A cetamina produz distorções das percepções de visão e som, além de uma sensação de desconexão, relaxamento e amnésia. Assim, às vezes, os usuários se sentem anestesiados e expectadores dos seus próprios ambientes e de si mesmos. Assim, os efeitos dissociativos da cetamina a tornam uma droga recreativa popular. A cetamina é reconhecida como tendo potencial para abuso e dependência física. As pessoas que usam essa substância relatam que os efeitos “de curta duração e extremamente eufóricos, além de facilitarem as interações sociais, a tornam muito atraente”.

Key e ecstasy combinados

Em várias partes do mundo, incluindo no sudeste e no leste da Ásia, o abuso de cetamina está emergindo como um grande problema de saúde pública. O uso dessa droga junto com outras “drogas sintéticas”, como o MDMA (ecstasy), o ácido gama-hidroxibutírico (GHB) e o flunitrazepam, podem evoluir para várias consequências adversas à saúde, incluindo dependência e toxicidade.

Key (cetamina) e ecstasy são muito utilizados em raves

O uso de MDMA ainda é predominante nos clubes e festas rave, em relação às outras drogas. Todavia, a cetamina vem sendo usada para fins ilícitos em baladas e festas rave em várias regiões do planeta. A cetamina, inclusive, ultrapassou, em termos de frequência de consumo, outras substâncias psicoativas e até mesmo tomou o lugar da heroína como a droga mais abusada em Hong Kong desde o ano de 2000.

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Além disso, uma inclinação crescente do uso indevido de cetamina também foi relatada na China, Malásia e Taiwan. O uso indevido dessa substância psicoativa pode ocorrer de forma solitária ou em conjunto com outras substâncias. Em Taiwan, por exemplo, “Trinity” é uma descrição de uma sequência de consumo de drogas em uma boate com MDMA primeiro, seguido de cetamina e depois maconha!!!

‘Key’, ‘K’, ‘vitamina K’, ‘super K’, ‘K especial

Nas cenas recreativas, a cetamina costuma ser chamada de “K”, “vitamina K ”, “super K” ou “K especial”. Com doses baixas para usuários esporádicos, ocorre um estado de transe, produzindo o chamado efeito dissociativo.

Efeitos do Key – cetamina

De uma forma geral, o uso de cetamina tende a provocar os seguintes sintomas:

a) Aumento da frequência cardíaca
b) Níveis elevados de pressão arterial
c) Rigidez muscular
d) Alucinações
e) Flashbacks
f) Problemas respiratórios
g) Paranoia
h) Complicações cognitivas de longo prazo

A cetamina farmacêutica é uma droga utilizada para anestesia e sedação durante procedimentos médicos específicos. Quando injetada para esse fim, age rapidamente e desaparece em 30 minutos, sendo, então, adequada para procedimentos médicos emergenciais e de curta duração. Além disso, às vezes é empregada medicamente para além dos usos autorizados pelo FDA, como controle da dor, tratamento da depressão e pensamentos suicidas. Outra forma da droga conhecida como Esketamina é aprovada pela FDA como terapia adjuvante para depressão resistente ao tratamento (de uso intra-hospitalar).

A cetamina é legalizada, mas uma parte da droga é desviada das clínicas e hospitais para um uso ilícito. A droga está normalmente disponível por traficantes na forma de pó branco ou esbranquiçado ou como um líquido transparente. A variedade líquida pode ser transformada em pó por meio da evaporação, que cria cristais que são então moídos em pó.

A cetamina líquida, de acordo com o Drug Enforcement Administration (DEA) dos Estados Unidos da América, é, geralmente, misturada em bebidas ou injetada, enquanto a cetamina em pó costuma vir embalada em cápsulas, papel, folhas de alumínio dobradas, frascos de vidro e saquinhos plásticos. A cetamina em pó geralmente é inalada ou misturada com tabaco ou cigarros de maconha e fumada.

Forma de se consumir Key-cetamina

Em resumo, a cetamina é comumente abusada das seguintes formas:

a) Fumando
b) Bufando
c) Injetando

Ao longo do tempo de uso abusivo, a cetamina pode causar efeitos deletérios de monta. De acordo com o National Institute on Drug Abuse (NIDA), o uso de cetamina está relacionado com os seguintes problemas:

a) Problemas renais
b) Dor de estômago crônica
c) Depressão
d) Déficits de memória de longo prazo

De acordo novamente com o NIDA, a cetamina usada em combinação com o álcool pode aumentar o risco de certos efeitos adversos, tais como:

a) Respiração lenta e superficial, pausa temporária na respiração
b) Pressão arterial baixa, batimentos cardíacos lentos
c) Ataque cardíaco
d) Convulsão
e) Estupor (perto da inconsciência)
f) Coma

Embora uma overdose de cetamina possa levar a uma respiração perigosamente lenta e inconsciência, tem-se tratado de evento incomum ainda.

Entre os sintomas de abstinência estão: ansiedade, depressão e fissura

Uma vez que o usuário crônico deixa de consumir a cetamina, ele pode apresentar sintomas de abstinência, como ansiedade, depressão e fissura. No entanto, é incomum que os sintomas físicos de abstinência de cetamina, como tremores, palpitações cardíacas e sudorese, apareçam, em comparação com o álcool e os opioides. Atualmente, não há medicamentos aprovados para tratar a overdose de cetamina, mas existem tratamentos para as consequências deletérias diretamente causadas por esta substância. Na overdose, o usuário deve ser conduzido de forma emergencial ao pronto-socorro!!!

Sintomas de abstinência

A maioria dos sintomas de abstinência de cetamina são de natureza psiquiátrica. Alguns consumidores habituais de cetamina têm relatado sinais de abstinência, o que os gêneros textuais médicos parecem ainda chamar pouco a atenção dos clínicos !!!

Os sintomas de abstinência relatados com mais frequência durante a desintoxicação de cetamina são:

a) Confusão mental
b) Agitação
c) Náusea
d) Raiva
e) Habilidades motoras prejudicadas
f) Psicose
g) Delírios e alucinações
h) Funções cardíacas e respiratórias reduzidas
i) Tremores
j) Insônia
k) Fadiga
l) Perda de audição
m) Comprometimento cognitivo

A desintoxicação sob supervisão médica oferece o caminho mais simples para a recuperação da síndrome de abstinência e da síndrome de dependência de cetamina.

A retirada da cetamina leva alguns dias a algumas semanas. Apesar de, geralmente (mas nem sempre), não ser um perigo à vida, a abstinência pode ser muito incômoda. A maioria dos sintomas ocorre de 24 a 72 horas após o último uso de cetamina. A duração da retirada da cetamina depende dos seguintes fatores:

a) Quantidade de cetamina no sistema
b) Tolerância à cetamina
c) Duração do abuso de cetamina
d) Quantidade de cetamina consumida
e) Outras drogas sendo abusadas concomitantemente

Embora todos os casos de abstinência de cetamina sejam únicos, aqui está um cronograma aproximado:

  • É provável que os sintomas intensos da síndrome de abstinência se apresentem dentro de 24 horas depois da última dose de cetamina, permanecendo nos próximos três dias de desintoxicação. Os sintomas incluem fúria, cansaço, tremor, tristeza, enjoo, visão borrada, surdez, respiração ofegante e insônia. Esses sintomas podem ser perturbadores e complicados de manejar em um ambiente que não seja uma clínica.
  • Durante os primeiros 10 dias sem cetamina, alguns sintomas de abstinência podem persistir, mas devem diminuir após esse período.
  • Após 15 dias de desintoxicação de cetamina, alguns problemas psicológicos podem persistir se o uso crônico danificou ou alterou vias ou sistemas neurais.

Você tem um problema sério com o uso da cetamina!!! Poucos acadêmicos estão se dando conta desse crescente problema médico! Corra para ser ajudado!!! Procure profissionais altamente especializados no tema Dependências Químicas!

Boa sorte!!!

Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Professor de Psiquiatria do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC. Pesquisador nas áreas de Dependências Químicas, Transtornos da Sexualidade e Clínica Forense.