“Meu marido tem uma amiga, que é muito próxima. Eu a conheço e encontrei-a antes de me casar. Ela era casada e separou-se e agora se aproximou muito do meu marido e hoje eles parecem cola.

Ela liga sempre para ele em qualquer necessidade e ele também faz o mesmo, inclusive para dinheiro. Eles também são colegas de trabalho. Agora ela vai ser nossa vizinha. Ela está construindo sua casa e meu marido a auxilia nas obras quando surgem problemas. Eles se falam até três vezes ao dia por telefone, inclusive para outros assuntos, quando ela tem, por exemplo, um problema com o seu bebê. Isso me tira do sério, essa intimidade exagerada. Sinto que ele não tem isso comigo e o nome dela sempre surge em nossas conversas. Ela nos empresta dinheiro. Sei que fisicamente não há envolvimento entre eles, pois meu marido gosta de mim e sente atração por mim, é verídico. Mas essa amizade. Não sei o que fazer.”

Resposta: Falar de limites no relacionamento entre as pessoas é muito difícil. Mesmo porque cada relacionamentos é único e envolve sentimentos muito difíceis de serem quantificados.

Você está sentindo um desconforto bastante acentuado com a relação de amizade de seu marido com outra mulher. Está sentindo que eles vivem um relacionamento muito próximo, muito íntimo, trocando ideias sobre vários assuntos. E o mais importante: você não participa disso, muito embora tudo seja feito abertamente na sua frente. Está certo? Está errado? Teoricamente, nada de errado um homem ter uma amiga, ainda mais essa amiga sendo colega de trabalho e tendo, assim, muitos assuntos em comum com ele.

Há algum limite na amizade quando o marido tem uma amiga muito íntima?

Mas, se existe um desconforto entre o casal provocado por uma terceira pessoa, pelo menos para você e para os seus sentimentos, isso não está certo. E é importante que você tente fazer o que for necessário para que esse desconforto diminua.

Conversar é imprescindível nessa situação. É possível que seu marido apenas sinta-se bem na companhia dessa mulher, goste de conversar com ela, tire dúvidas do trabalho. Mas existe um ponto que chama a atenção: essa mulher empresta dinheiro para vocês. Será que em função disso seu marido acaba se sentindo na obrigação de retribuir usando como moeda de troca a atenção? E, por que essa mulher empresta dinheiro para vocês? Será que há, da parte dela, uma atração por seu marido que ela tenta manter tornando-o devedor? Ou será que seu marido é uma pessoa que gosta de ajudar todo mundo porque isso apenas o faz sentir-se bem? Bem, hipóteses temos aos montes, mas vamos voltar aos seus sentimentos.

Sim, você não está errada de se sentir incomodada por ser colocada em segundo plano, fora dessa relação tão próxima entre seu marido e outra mulher. Provavelmente a maioria das mulheres se sentiria assim. Mas não adianta ficar sofrendo e não tomar nenhuma atitude. Assim, tente falar com ele e avalie atentamente como ele vê esse relacionamento. Fale de seu desconforto, mesmo que isso alimente o ego dele e, se necessário, tente estabelecer limites. Afinal, quem ama cuida.

Como está a sua vida?

Por outro lado, avalie se você não está centrando seu foco na vida de seu marido e esquecendo da sua. Você tem amigos e amigas? Tem atividades que fazem bem a você? Trabalha? Faz algum curso? Sim, se sua vida não estiver preenchida, qualquer atividade do seu marido que exclua você a incomodará muito. Mas se você estiver se sentindo realizada em sua vida pessoal, além de elevar sua autoestima, acabará atraindo a atenção de seu marido, pois terá novos assuntos para discutir e novidades para contar.

Lembre-se que a amiga de vocês acabou de se separar e está construindo não só uma casa nova mas uma vida nova. E seu marido está participando junto com ela dessas novidades que, talvez, o ajudem a fugir do tédio do cotidiano.

Assim, se você convidá-lo para novos projetos que envolvam a vida de vocês, muito provavelmente ele não se negará a vivê-los junto com você. E você recuperará a atenção e a cumplicidade das quais sente tanta falta.

Um casamento não se mantém por inércia. É preciso revisitá-lo sempre e avaliar o que está faltando, o que pode melhorar, o que pode ser corrigido. Acomodar-se demais sempre aumenta o risco de que terceiros acabem se tornando focos interessantes de mobilização.

Aliás, essa pessoa que você chama de “amiga” não está levando em conta o que você pode estar sentindo. Se fosse mais empática, ela mesma se colocaria em seu lugar e não vampirizaria tanto a atenção de seu marido. Assim, mãos à obra para, depois de uma boa conversa com seu marido, tentar imprimir mais movimento em seu casamento, em seus projetos e em sua vida pessoal. Isso para que as novidades aconteçam dentro do seu relacionamento e não haja muita oportunidade para a entrada de pessoas carentes que podem se tornar perigosas.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Anette Lewin

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.