Como achar uma relação estável nos apps

Uma dica para poder achar uma relação estável nos apps e redes sociais é ir ao encontro presencial com fatos e não com expectativas

E-mail enviado por um leitor:

“Tenho 65 anos e estou envelhecendo no Tinder, o que são esses relacionamentos em apps e nas redes sociais? Nessas redes, começando lá no Orkut, paquero desde os 48 anos. Não consigo ter uma relação mais duradoura com ninguém. Estou ficando maluco. Como fica a cabeça de pessoas que vivem isso que estou vivendo? Conheci e fiquei com muitas mulheres, sexo não falta, mas o afeto… Como saio desse padrão no qual estou preso há 17 anos?”

Resposta: Caro Leitor, na verdade, a questão muitas vezes não está na forma que você conhece a pessoa, e sim como a relação se desenvolve depois disso. No meio da pandemia e nos últimos anos, conhecer pessoas no ambiente virtual é uma prática bastante comum.

Existem algumas variáveis que podem interferir, como por exemplo: o objetivo da outra pessoa sobre uma relação séria, diferenças culturais, diferenças de idade, objetivos de vida, estilo de vida etc.

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Como achar uma relação estável nos apps e redes sociais

Encontrar um verdadeiro “match” depende de variáveis, que às vezes, o aplicativo não tem como prever. A gente seleciona alguém pelo app por algumas preferências: aparência, localidade, fotos, idade etc. É uma seleção pragmática, que não está vinculada com a emoção.

Logo, a gente observa características ou preferências que são similares à nossa, mas isso não significa que a parte emocional e afetiva sejam iguais. Por exemplo, se eu entro num app de paquera e vejo uma foto de uma pessoa que me atrai no mesmo restaurante que eu fui, penso: “Que bom, temos o mesmo gosto.” Mas não necessariamente, às vezes a pessoa estava num jantar de trabalho e não necessariamente escolheu esse restaurante para ir. Na verdade, ela nem gosta do tipo de comida que serve lá, mas como a foto ficou boa resolveu colocar no app.

Este é um exemplo simples, mas que pode clarear muita coisa, porque a gente quando paquera ou olha as redes sociais, a gente pensa de acordo com os nossos valores e fazemos essa escolha, mas isso não significa que o que pensamos ou esperamos vai ao encontro do que a pessoal realmente é na vida real.

Acredito que esse seja o principal ponto que faz a sua impressão e vivência nesses aplicativos gerar esse desconforto. Antigamente, quando as pessoas eram apresentadas por amigos ou colegas, os nossos colegas já fazia um “checklist” para ver se “casavam” esses valores, apesar de não ser 100% a compatibilidade, era alguém pré-aprovado, que conhecia ambos. Então, era mais “fácil” dar certo ou errado, pois o amigo sabia das possibilidades, exemplo: Beto combina com Maria, mas a Maria nunca combinaria com Beto, mas Maria combinaria com Pedro.

O conhecer presencial sem intermédio do app, faz com que a gente avalie o aspecto físico e valores. Logo, a expectativa e a avaliação é criada de uma maneira linear, sem muita fantasia, diferente do que acontece no app, que eu já vou com uma expectativa criada apenas na minha cabeça e claro que a outra pessoa também já criou as expectativas sobre você e pode também se frustrar. E a verdade é uma só, passamos muito tempo nessas relações tentando realizar as nossas expectativas. Eu sempre dou o seguinte exemplo para meus pacientes:

Você tem um sonho de casar, mas não tem o(a) noivo(a). Passa a vida buscando um(a) noivo(a) para realizar o sonho de casar. Mas na verdade, a ideia teria que ser o contrário, conhecer alguém e depois ter o sonho de construir o casamento com o outro. Portanto, a dica é ir aos encontros apenas com fatos, e não com expectativas criadas. Tentar encaixar as pessoas dentro de expectativas faz com que se comece de “forma contrária” e isso pode não ter o resultado que se espera. Espero que te ajude.

Atenção!
Esta resposta não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem

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