A família do meu namorado não gosta de mim

Quando a família do seu namorado perceber que você veio para ficar, é possível que ela passe a lhe tratar melhor

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“Estou há um tempo com meu namorado e venho percebendo comentários cada vez mais ácidos dos meus sogros. São tentativas de mudar o meu jeito de viver e até uma exclusão dos programas familiares que antes eu costumava participar. Meu namorado já me confessou que eles não gostam de mim e que acreditam que irei afastá-lo da família. Após um episódio de extremo desrespeito, tudo se desmoronou. Agora, não consigo mais estar perto deles ou criar um novo vínculo. Isso já afetou a forma como vejo o meu par. Ele acredita que criar uma nova família comigo é fazer a fusão dessa nova família com a família dele. Ele é extremamente dependente deles e muito controlado. Não somos mais jovens adultos ou adolescentes para vivermos assim, mas ele quer uma mulher assim, que vá acima de tudo se enquadrar na família dele e viver essa fusão. Como lidar com tudo isso?”

Resposta:  A relação de um casal em formação com suas famílias de origem pode se tornar um grande problema na vida desse casal. Contornar esse problema muitas vezes acaba sendo mais difícil do que planejar e construir uma nova família.

Mas nada que não possa ser resolvido com boa vontade, tempo e criatividade para encontrar saída para situações, aparentemente, sem saída.

Você já percebeu que não existe empatia entre a família dele e você. Muito bem, isso em geral é extremamente comum. Afinal, você é a “intrusa” que está chegando para colocar novas ideias na cabeça desse filho tão adaptado aos valores e às regras da casa. E você, provavelmente, também tem uma personalidade forte e gostaria que ele abandonasse os antigos costumes e construísse uma nova família do zero. Mas será que isso é possível?

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Pelo que você escreve, sua relação com sua família de origem deve ser diferente da dele; talvez você tenha uma relação familiar mais distante, ou mais saudável, ou até alguma mágoa familiar que a perturbe. E em função disso, não consegue entender o que você chama de “dependência” dele com relação aos familiares. Mas, certamente, se a questão for apenas essa, não é necessário colocar seu relacionamento em cheque. Se vocês conseguem ter projetos em comum, pensam em se casar, ter família… é possível traçar um plano de convivência que seja confortável para ambos.

Certamente esse plano não se apoiará numa fusão entre famílias. Aliás, nos dias de hoje isso se torna cada vez mais raro. Afinal, cada família tem seu jeito e ninguém está disposto a fazer grandes sacrifícios para se adaptar ao diferente. A única coisa em que um plano de convivência deve se apoiar, é no respeito. Isso é indispensável. Melhor uma convivência bem esporádica com respeito do que encontros frequentes cheios de mágoa, frustração e raiva.

A família do meu namorado não gosta de mim. O que fazer?

Assim, é importante uma conversa séria com seu namorado sobre o que estamos chamando aqui de plano de convivência. Você não gosta da família dele e a família dele não gosta de você. Certamente, o primeiro item desse plano de convivência será diminuir ao máximo seu contato com a família dele. Pelo menos neste momento. Afinal, se vocês casarem, terão sua própria casa e os programas a dois serão mais frequentes.

Por outro lado, é importante que você dê a ele a liberdade para estar com sua família de origem quando ele sentir necessidade. Lembre-se que se você obrigá-lo a optar entre eles ou você, sua chance de perdê-lo é grande. Afinal, eles chegaram primeiro na vida dele.

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Evite discussões sobre características dos familiares dele como argumento

Quando ele for ver seus familiares, caso você não queira acompanhá-lo, diga isso a ele de forma natural. Evite discussões sobre características dos familiares dele como argumento. Isso só o colocará numa saia-justa que não resolverá o problema.

Nas conversas com ele, tente focar em questões que dizem respeito a vocês dois. Fale sobre planos, passeios, projetos a dois. Não deixe que sua energia seja vampirizada por pessoas com quem você não se identifica.

Como conduzir os encontros sociais com a família do seu namorado

Por outro lado, nos encontros familiares que são inevitáveis, como aniversários, casamentos ou ocasiões em que sua presença for solicitada por seu namorado, adote uma postura neutra e tente, na medida do possível, evitar cara feia. Certamente haverá na família dele alguém com quem você se identifique mais; certamente haverá alguém que se aproximará de vocês para conversar. E certamente haverá aqueles que tentarão agredi-la com luvas de pelica e que devem ser sumariamente ignorados.

É possível que depois de algum tempo, quando a família perceber que você veio para ficar, a aceitem e a tratem melhor. Mas mesmo que isso não aconteça, tente manter a postura ignorando provocações.

Em geral, núcleos familiares muito fechados, como parece ser o caso dele, podem gerar conflitos para quem se descola do núcleo formando uma nova família. Mas, por outro lado, oferecem um modelo familiar que pode servir de estímulo para que seus componentes tenham vontade de criar uma família também. Afinal, se seu namorado viesse de uma família muito desestruturada, poderia criar uma imagem familiar cheia de traumas que o levariam a não querer formar família nenhuma. E você, talvez, não tivesse a chance de tê-lo como namorado.

Assim, para um convívio saudável com seu namorado, é importante aceitar que você não será a única pessoa importante na vida dele. Sempre haverá familiares, amigos, colegas de trabalho que farão parte da vida dele, mas não necessariamente da sua. Alguns a aceitarão, outros serão conquistados por você, mas alguns tentarão ignorá-la ou rejeitá-la. Não valorize tanto essas escolhas que os outros fazem. Foque na sua escolha, no caso sua escolha amorosa, e tente formar com seu namorado uma sociedade firme, séria e profunda… pronta a resistir aos ataques que certamente virão.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.