Como superar a raiva?

Como superar um sentimento tão negativo como a raiva? A raiva pode surgir naturalmente, mas devemos esquecê-la, porque, quanto mais tempo lembramos dela, mas ela queimará nosso coração.

Ficar remoendo a raiva é como se ficássemos segurando brasas nas mãos e nos queimando. Ao guardar raiva, mágoas ou ressentimentos, estamos sendo inimigos de nós mesmos.

A Filosofia do Yoga diz que as pessoas evoluídas espiritualmente só conservam a raiva por um minuto. Uma pessoa sem esse entendimento espiritual conserva a raiva por dias e noites. E, existem pessoas que se lembram dela por anos e anos até morrer.
Importante também não ter raiva de si mesmo. Quem se culpa pelos próprios erros, se torna seu próprio torturador. É necessário se arrepender dos erros e, com humildade, reconhecê-los e aprender com eles. Mas, se pessoa não se perdoar, além de não aprender, ela está alimentando o ego negativo, caindo nas armadilhas da mente e se torturando.

Na Bhagavad Gita, uma escritura indiana, Krishna diz a Arjuna: Ó Arjuna, deixe de pensar em seus inimigos externos. Em vez disso, conquiste seus inimigos internos”. Raiva, ciúme, inveja, vingança e outras emoções negativas causam uma grande inquietude interior.

Quando uma pessoa fala com palavras ofensivas, brigando ou falando mal, além de afetar o outro, ela também sofre as próprias vibrações de seus insultos que ficam gravados em seu registro interior. Portanto, não é bom alimentar a raiva e ficar emocionalmente perturbado. Essas emoções são nossas piores inimigas, como venenos na mente adoecendo o corpo e tirando a paz da mente e do coração.

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Sentir raiva é humano

A raiva muda completamente a estabilidade e a tranquilidade da mente. Por isso, devemos aprender a vencer essa tendência de ficar com raiva e de alimentá-la através da lembrança do que alguém nos falou, escreveu ou praticou. Sentir raiva é humano, mas manter a raiva acumulada é prejudicar profundamente a si mesmo.

Já ouvi pessoas dizendo que jamais perdoarão o que lhe fizeram, mas elas não têm noção de como estão criando sofrimento inútil para elas mesmas. Quem as prejudicou pode estar bem, e elas é que estão sofrendo ao relembrar os insultos ou os prejuízos que lhe causaram.

É fácil perdoar? Muitas vezes não. Pois ficamos magoados, tristes ao sermos enganados ou ofendidos. Precisamos, porém, limpar nossos corações e mentes. Entender que somente podemos sentir o que pensamos.

Portanto, temos que observar a mente, ter vigilância sobre os pensamentos de raiva. Não alimentá-los e sim purificá-los cortando esses pensamentos em um minuto. Depois de um minuto que nos deixarmos envolver nas lembranças da raiva e de tudo que sentimos ou que aconteceu, podemos ficar dias e dias, sofrendo com esse inimigo interno.
A raiva está em nós e não no outro que a provoca

A Jnana Yoga, Yoga do autoconhecimento, nos ensina a vencer através da sabedoria e da compreensão que a raiva está dentro de nós e não é o outro que a provoca. Assim, se a raiva surgir, devemos deixá-la ter uma duração efêmera e não ficarmos com ela até que destrua nossa saúde e paz interior.

A origem da raiva pode ser bastante complicada. Ainda assim, uma coisa é muito clara, temos que parar o ciclo em algum momento e em algum lugar. Se começarmos a fazer isso agora, há uma esperança. Porém se não lidarmos com a raiva, se apenas deixarmos as negatividades se acalmarem por um tempo, elas irão ficar piores. E, esses sentimentos destrutivos não nos abandonarão e eles envelhecerão conosco.

A Filosofia do Yoga nos diz que a raiva é o pior inimigo interno devido à sua conexão com a cadeia infinita dos desejos. Quando existe insatisfação, existe raiva. Portanto, os sábios ensinamentos do Yoga nos orientam a observar a raiva, analisá-la e aprender a dissolvê-la.

A Bhakti Yoga, Yoga da devoção, que eu pratico muito, cantando mantras e repetindo mantras mentalmente como o mantra purificador Om Namah Shivaya (que significa Eu honro Deus que habita em mim) nos ensina que se nós envolvermos nosso coração com devoção e amor a Deus, não haverá espaço para a raiva.

Uma vez, perguntaram à uma santa Rabi’a:

Você alguma vez sente raiva? Sim, ela disse, mas só quando me esqueço de Deus.

Não somos santos, mas podemos entender o que ela quis nos dizer. Quanto mais nos lembramos de Deus na vida diária, em nossos afazeres, mais vamos nos libertando da raiva e suas consequências negativas. Quem pensa que é impossível o que o Yoga nos ensina, está prisioneiro entre camadas de uma raiva congelada e está sofrendo muito.

Autocontrole sobre pensamentos, palavras e desejos é treino para a vida toda

Precisamos de nosso próprio apoio para cultivar as virtudes como perdão, sabedoria, aceitação e compreensão. Para sermos mais felizes, termos que dissolver os desejos antes que eles nos envolvam no ciclo da raiva. E, para conseguir isso, temos que manter a disciplina de estabelecer controle sobre nossos pensamentos, palavras e desejos. Não alcançaremos isso de um dia para outro. É um treinamento para a vida toda.

Espero que você se determine a se libertar da raiva como eu tenho praticado, por anos e anos, e realmente, tenho me libertado cada dia mais. Não deixo as pessoas me colocarem nas tempestades delas. Eu as coloco na minha paz.

Namaste! Deus em mim saúda e agradece Deus em você! Fique em paz!

É formada em Yoga pela Federação de Yoga do Brasil e Centro de Estudos de Yoga Narayana/SP com cursos de aperfeiçoamento em Hatha Yoga e Meditação nos Estados Unidos.  Foi Professora de Hatha Yoga por 26 anos em Santos/SP. Atualmente ensina Filosofia do Yoga e Meditação.

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