Minha carência me leva à idealização, paixão ou amor?

Ninguém é capaz de suprir toda a carência que você sente; veja nesse post 5 dicas para superar a sua carência

E-mail enviado por uma leitora:

“Não sei o que acontece comigo, estou há muito tempo sozinha. Procuro uma relação para suprir minha enorme solidão. Xiiii até rimou kkkk. Será que por conta disso idealizo as pessoas com quem fico, achando que isso é paixão ou mesmo amor? Agora na pandemia, essa minha carência aumentou. De onde pode estar vindo essa minha carência? Há uma cura para toda essa carência?”

Resposta: Para muitas pessoas é muito difícil ficar sozinho (sem relação amorosa), para outras nem tanto. Algumas até preferem ficar só. Normalmente, as que buscam uma relação mais séria, e com um certo empenho e dedicação, de forma acirrada, ficam mais ansiosas ainda. E muitas vezes o fato de não dar certo, traz ainda mais incertezas e só aumenta a sensação de solidão.

Na verdade, o passar do tempo faz a gente se sentir mais só, e quando isso acontece, temos o costume de ficar nos comparando a outras pessoas, principalmente tentando descobrir defeitos ou até mesmo motivos para justificar a nossa solteirice. E isso é um tiro no meio da autoestima.

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Não se compare aos outros, principalmente quando estiver sozinha

Quando uma pessoa se compara à outra, normalmente olhamos o que o outro tem e o que nos falta. É aquela velha história: a grama do vizinho é sempre mais verde.

A solidão é algo individual, apesar da gente saber que ela diminui quando a gente tem um(a) outro(a) pessoa para compartilhar e ter uma parceria, mas ela pode não ser suprida somente com isso. Então, você pode fazer coisas que te dão prazer e que te ajudam a apreciar a sua própria companhia. Você pode também conversar com outras pessoas, ter um bichinho de estimação, ter um hobby, fazer atividades que gosta etc.

Ninguém é capaz de suprir toda a carência que sentimos

Normalmente, a gente tem a impressão que precisamos achar alguém para suprir algo que nos falta. A questão maior é que quando achamos essa pessoa, acreditamos que ela é a única forma de suprir a carência que sentimos. Assim, criamos uma expectativa enorme que agora não vai mais lidar com esse sentimento, que todos os problemas serão resolvidos. E será isso mesmo? Ter alguém supre toda a carência e toda a solidão que sentimos?

Sinceramente, acredito que isso pode ser uma armadilha. Se você delega todo esse sentimento em uma relação amorosa, e ela nutre isso por algum tempo, você pode se tornar refém dessa relação; ou então, a relação não dá conta de suprir tudo o que você precisa. Assim, fica cada vez fica mais difícil para você e para o seu par.

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5 dicas para superar a carência

Passeie por essa carência e essa solidão que você sente.

Perceba o que você pode fazer por si mesma sem precisar que o outro faça. Acredite que muita coisa você pode dar conta sozinha ou então compartilhar com alguém que não seja seu namorado.

Diminua um pouco a carga para você, sendo menos crítica consigo mesma.

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Observe suas qualidades e como você vem enfrentando as adversidades do dia a dia e avalie se precisa realmente de um outro para fazer isso por você.

Se faça a seguinte pergunta:

Se alguém chegar hoje e lhe fizer a seguinte proposta: – Namora comigo? Preciso de alguém que supra minha carência e minha enorme solidão. Você aceitaria entrar nessa relação com esse pré-contrato estabelecido?

Difícil né? Não podemos entrar numa coisa ou pedir para que o outro entre sem saber ao certo onde estamos pisando. A possibilidade de dar errado é muito grande. E imagina só, se pensarmos que a solidão é um buraco, e quando temos uma relação amorosa, esse buraco é preenchido. O que acontece quando essa relação termina? O que acontece com o nosso buraco? Ele fica vazio novamente, não?

Perceba o que tem dentro desse buraco e assim você tem a oportunidade de preenchê-lo. Se você começar a preenchê-lo, quando o outro for embora, ele pode até ficar um pouco vazio. Porém, não por completo, e assim diminui a sensação de carência e solidão.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem