Um certo nível de liberdade em um casamento é até saudável, mas liberdade total para fazer o que quiser, quando quiser e como quiser é questionável
E-mail enviado por uma leitora:
“Nós decidimos voltar. Ele quer estar livre, sair, beber dormir fora, mas me promete de pés juntos que não quer se envolver com ninguém, só quer sair e se divertir com os amigos. Como devo enfrentar essa liberdade dele, se quando éramos casados era somente nós dois?”
Resposta: Se vocês se separaram, certamente alguma coisa no casamento não estava mais funcionando.
Seu marido, provavelmente, deve ter refletido sobre o que não funcionou para ele e está fazendo a proposta de um novo padrão de relacionamento, diferente do anterior.
Você parece assustada com essa nova proposta. Afinal, ele está colocando as necessidades dele. Mas como ficam as suas necessidades? Será que você já refletiu sobre isso? Afinal, o fato de terem levado o casamento de um jeito, não quer dizer que era o único jeito possível. Tente então pensar numa proposta sua para essa retomada do relacionamento.
Você realmente sente necessidade de ficar o tempo inteiro só com ele? Não seria importante você descobrir atividades que interessem a você, assim como ele descobriu que estar com os amigos é uma atividade que ele faz questão de ter? Sim, a retomada da individualidade depois de algum tempo de casado não é algo assim tão incomum. E não sinaliza, necessariamente, que o interesse pelo parceiro(a) diminuiu. Sinaliza apenas que a pessoa precisa de um tempo no qual se sinta livre para fazer o que bem quiser, sem ter que dar muitas satisfações…
Nível de liberdade precisa ser definido
Certamente o desejo do seu marido de sair, se divertir com os amigos e, principalmente, dormir fora, é algo que tem que ser mais detalhado: sair quando? Todos os dias? Dormir fora quando? Quando der na telha? Avisando em cima da hora ou com antecedência?
Sim, porque um certo nível de liberdade em um casamento é até saudável, mas liberdade total para fazer o que quiser, quando quiser e como quiser é questionável. Talvez até incompatível com um relacionamento estável.
Qualquer relacionamento amoroso pressupõe alguma responsabilidade e algum cuidado com os sentimentos do outro. Assim, antes de mais nada, parece que vocês precisam deixar muito claro quais os limites da liberdade solicitada por ele. E, certamente, essa liberdade deve se estender a você. Se você quiser, é claro.
Não tente controlar o outro
Quanto ao fato de seu marido jurar de pés juntos que não tem a intenção de se envolver amorosamente com mais ninguém, é importante que você entenda que no momento em que vocês entram num acordo sobre a liberdade individual de cada um dos envolvidos, não vale a pena ficar controlando o outro para ver se ele está respeitando o acordo ou não. O que um dos parceiros faz quando está longe do outro é problema dele, responsabilidade dele.
Assim, caso você resolva tentar reatar o casamento e aceitar as novas condições, assuma sua posição. Tente transformar os momentos em que vocês estão juntos em bons momentos, momentos divertidos e significativos. Evite ficar imaginando o que ele está fazendo quando está longe de você. Isso só trará sofrimento e dor. E tente preencher seus momentos longe dele com atividades que façam você crescer e amadurecer como pessoa.
Afinal, o centro de sua vida tem que ser você, não ele ou qualquer outra pessoa com quem você se envolva amorosamente.
Repensar o casamento depois de algum tempo juntos, é sempre adequado. Afinal, é através do convívio que o casal pode identificar os comportamentos e atitudes que funcionam a dois e os que devem ser adaptados para uma convivência mais harmoniosa.
Cada casal é único e deve ir criando, aos poucos, seu código de conduta pessoal. Levando em conta necessidades de ambos e não se esquecendo que muitas vezes será necessário abrir mão de alguma coisa pelo parceiro. Afinal, sem um pouco de generosidade, é impossível a sobrevivência de qualquer sociedade.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.