Para poder lidar com as expectativas no primeiro namoro, é preciso certo distanciamento para perceber o lado do par, uma certa dose de paciência e menos ansiedade; entenda
E-mail enviado por um leitor:
“Namorei uma garota e foi meu primeiro namoro. Não sei dizer se gostava dela, mas queria muito que ela me demonstrasse amor; sempre esperando que ela reagisse da mesma forma que eu reagia. Eu entendo quando a gente parou de conversar tanto, porque ela tinha coisas pra fazer. Mas me sentia mal, porque achava que ela não me amava mais. Forçava ela a fazer demonstrações de amor, e quando não fazia como eu esperava, sentia como se ela não me amasse. Nessa relação, só gostava de me sentir bem. É estranho, mas tinha dia que me sentia tão amado, que eu me cansava. Se puder me ajudar sobre, fico grato!”
Resposta: Você viveu um primeiro relacionamentos amoroso um tanto quanto perdido no meio do turbilhão de sentimentos que ele costuma provocar: encantamento, dúvidas, expectativas, insegurança, paixão, simbiose, e tantos outros mais.
E agora, com um certo distanciamento, fazendo uma revisão de suas atitudes, consegue enxergar o quanto você acabou adotando atitudes exageradas, forçadas e incompatíveis com o equilíbrio de um namoro harmonioso. Ou seja, percebe o quanto suas expectativas amorosas acabaram por fazê-lo ver sua namorada como um instrumento para a satisfação de suas necessidades afetivas pessoais e não como uma pessoa que também tinha suas próprias necessidades; vivencia o quanto os primeiros envolvimentos amorosos podem cegar uma pessoa, principalmente se ela ainda apresentar altas doses de insegurança.
Bem, tudo isso aconteceu com você, mas você teve o bom senso de rever os acontecimentos e fazer uma autocrítica bastante profunda dos seus comportamentos. Só por isso, nota mil para você! Afinal, rever os erros sempre aumenta as chances de acertar numa próxima vez.
Como lidar com as expectativas no primeiro namoro
O principal conflito apresentado por você, diz respeito às demonstrações afetivas das quais você sentiu falta. É importante que você reflita sobre a maneira que cada pessoa aprendeu a expressar seus sentimentos. Uns são mais efusivos, outros, nem tanto.
Você esperava de sua namorada uma expressão idealizada, que, cá entre nós, nem você mesmo sabia qual era. Provavelmente ela até tentou. Mas essas tentativas não surtiram efeito, pois não bateram com uma certa “simbiose” que, na sua cabeça, caracterizava o modelo que duas pessoas apaixonadas deveriam seguir. Duas metades da laranja que se reúnem para nunca mais se separar… Ora, duas metades são duas metades, mas a partir do momento em que de um inteiro se partem em dois, não se grudarão mais para sempre; cada um terá sua individualidade. Foi isso que você não conseguiu elaborar, forçando uma simbiose que não existe em relacionamentos amorosos. Pelo menos não nos relacionamentos saudáveis.
Faltou paciência e sobrou ansiedade também. Normal no primeiro namoro. E sobrou insistência. Mas afeto não se arranca a fórceps! Afeto é construído a partir de vivências em comum que vão criando um túnel que permite o compartilhamento de emoções e, consequentemente, a formação do vínculo amoroso.
Vocês compartilharam decepções na maior parte do tempo. Mas não conseguiram levantar e transformar essas decepções em aprendizado; não conseguiram dar as mãos um ao outro para promover um crescimento do vínculo. E cada metade da laranja fincou pé na sua posição e acabou por não conseguir se revincular ao que parecia tão familiar. Sim, acontece mas não é o fim do mundo!
O que levar para o próximo relacionamento?
O que passou passou e deixou lições. Se você souber aproveitá-las, conseguirá embarcar numa próxima relação com mais cuidado, menos ansiedade, mais vontade de conhecer realmente a pessoa que está ao seu lado para saber se ela pode lhe dar o que você precisa e se você pode oferecer a ela o que ela precisa. Sem exagerar na cobrança; sem acreditar que o relacionamento amoroso é a solução de todos os seus problemas; e, de preferência, sem construir uma imagem idealizada que nunca se concretizará.
O amor não é composto apenas de duas metades. O amor é construído por pequenos momentos de afeto que vão se juntando, aos poucos, até formar uma história que aguarda ansiosamente por novas cenas dos próximos capítulos.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento