Eu gosto de vida social e meu par amoroso não. E agora?

Se você gosta de vida social e seu par amoroso não, psicóloga orienta como o casal pode lidar com essa questão de terem necessidades sociais opostas

E-mail enviado por uma leitora:

“Olá, sou casada há três anos. Sempre gostei de ter uma vida social ativa, sair com as amigas, churrasco com os amigos, cinema e barzinho. Meu esposo tem 34 anos, ele malha todos os dias e trabalha. Ele não tem amigos, nunca convidou ninguém nem pra festa de aniversário dele. Ele vai quando eu chamo pra qualquer lugar numa boa, mas sozinho ele não se interessa por nada, só academia mesmo. Ele não reclama disso. Mas eu me sinto mal, porque parece que no mundo dele só existe eu. E se eu morrer amanhã? O que ele vai fazer? Trabalhar e ficar sozinho, sem amigos? Eu queria que ele também se divertisse sem me ter ao seu lado. Como ele não tem essa vida social, ele meio que não entende que eu tenho uma. E momentos saudáveis, sem ele junto, só com as amigas são importantes pra mim também.”

Resposta: Em termos de lazer, o que é o paraíso para uns pode ser o inferno para outros. Você gosta da vida social; se diverte trocando ideias com amigos, indo a barzinhos, churrasco etc. É assim que você gosta de aproveitar seus momentos de lazer. Seu marido não. Ele aproveita o tempo livre numa atividade solo: malhando na academia.

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Para você isso pode parecer estranho, mas não é. Existem pessoas que se sentem melhor na própria companhia do que cercados de outras pessoas. Parece ser o caso do seu marido. E isso não significa, necessariamente, que o comportamento dele seja patológico. Pode ser simplesmente uma questão de estilo, de preferência. Seu marido consegue acompanhá-la nas atividades sociais, mas não sente necessidade de promover encontros sociais por iniciativa própria.

Talvez, para ele, ouvir várias pessoas falando ao mesmo tempo, ter que emitir opiniões, entrar nas competições do tipo “quem é melhor do que o outro” ou ter que rir de piadas sem graça não sejam atividades estimulantes. Provavelmente, no meio de outras pessoas, ele mais observa do que fala. O trabalho dele, também, não deve exigir muito contato social ou depender de uma rede de relacionamentos. Então, ele não precisa ficar fazendo contatos sociais para ter sucesso profissional.

E quando um gosta de vida social e o outro não?

Vocês são pessoas com necessidades sociais opostas. É importante que ambos façam um esforço para conseguir se colocar no lugar do outro e respeitar as necessidades individuais.

Você, não precisa se preocupar com a solidão dele, seja no presente, seja quando você faltar. Entenda que, para ele, ficar sozinho não é um problema, é um conforto.

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E ele, tem que se esforçar para aceitar sua necessidade de ver pessoas e dar a você a liberdade de sair quando tiver vontade.

Se houver esse respeito mútuo, certamente, os momentos em que vocês estiverem juntos serão agradáveis. Junto com outras pessoas ou não. Assim, ao invés de ficar tentando induzir seu marido a ser mais sociável, assuma suas necessidades e saia com seus amigos quando tiver vontade. Ele não precisa, necessariamente, estar junto. Talvez para ele ficar em casa assistindo a um filme seja mais agradável. Dê a ele essa opção.

Por outro lado, existem momentos sociais ou familiares que o casal tem que viver junto: aniversários, casamentos, comemorações. Afinal, deixá-lo isolar-se totalmente também não é a solução. E, no fundo, se ele escolheu uma pessoa sociável como você para casar, é por que sabia que você acabaria por levá-lo a se relacionar com outras pessoas. Assim, vale a pena solicitar a presença dele nas suas atividades sociais como você vem fazendo até agora. Mas evite pressioná-lo para que arranje amigos. Se ele, em algum momento, sentir essa necessidade, certamente saberá como fazer.

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Por fim, tente entender que se você o escolheu para companheiro, certamente, viu nele qualidades que superam a falta de sociabilidade. Valorize o que ele tem de bom, tente esquecer as diferenças e descubra atividades agradáveis para os dois. Sem deixar de lado suas amigas e seus barzinhos. Afinal, o casamento não pode nem deve destruir individualidades. Deve respeitá-las.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.